quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Resgate das brincadeiras infantis

É engraçado ver como as crianças de hoje em dia não sabem brincar. Não sabem mesmo... só brincam com coisas orientadas e tudo muito bem explicadinho. Ou passam seu tempo jogando no computador ou vídeo game. Percebo isso em todas as turmas que eu dou aula. Sempre tem aqueles que não sabem ou nunca ouviram falar das brincadeiras que são mais clássicas, tipo amarelinha, pular corda, esconde-esconde e outras.
Quando eu era criança era tão comum a gente brincar junto com as outras crianças, que não precisava ninguém (digo adulto) vir nos ensinar a brincar. A gente mesmo se ensinava e sempre tinha um que ensinava brincadeiras novas. Sempre tinha um primo mais velho, que ia brincando junto com a gente e ia ensinando, nada muito teórico.
Mas quando a gente cresce, algumas pessoas perdem essa "criança interior" e acham que para ser adulto de verdade tem que deixar de brincar, de se divertir... eu não penso assim, ainda bem!!! A-D-O-R-O brincar!!! De tudo. Pode ser de correr, esconder, jogar bola, queimada, jogos de tabuleiro ou o que for, estou dentro é só chamar. E agora com a época do Folclore que ronda as escolas de todo o país, decidi resgatar junto a meus alunos as brincadeiras que hoje são consideradas folclóricas (ó que chique, daqui a pouco viro um Saci...rsrsrs... porque brinquei de todas quando criança). Quando a gente pesquisa sobre o que são brincadeiras folclóricas, aparecem aquelas que quase todo mundo brincou quando criança, mas com o passar do tempo foram sumindo ou diminuindo muito.
Entendo que hoje em dia as crianças não podem mais brincar na rua como antes, que é perigoso e tal. Mas não custa nada os pais ensinarem os filhos a brincar e o melhor, brincar junto com eles. 
Mas, enquanto eles não brincam, brinco eu. Então desde a semana passada estou ensinando essas brincadeiras a meus alunos e poucos deles conheciam antes de brincar comigo na escola. É uma loucura ver que crianças de 5 anos não brincaram nunca de amarelinha, a mais prática das brincadeiras... mas pergunta sobre vídeo game? Todos conhecem.
E para mim, não adianta só ensinar e ficar sentada olhando... não acho legal não, quero brincar junto e levo muito a sério... não tem essa de "ah, mas você já é grande, tem que deixar eles ganharem sempre", comigo não cola, até porque eles tem que aprender a ganhar e a perder também. Então estou brincando muito com eles. Cada dia tenho ensinado algumas brincadeiras e juntamente vou ensinando alguns conceitos também.
Me peguei pecando muito com as crianças, não estava brincando com eles... como assim? Dou aula para criança de 5 anos e não parava para brincar com eles. Eles estavam brincando mais com o livre, lego, memória e quebra cabeças, mas eu estava deixando o CORPO de lado. E nessa fase o corpo é extremamente importante. Tem que se movimentar, aprender a usá-lo em todas as suas possibilidades. 
Daí que estou nessa busca pelo uso do corpo, comigo e com eles. E isso vale aqui em casa também. Não é porque a Gaby é pequena que eu não brinco com ela. Brincamos sim!!! De pega pega, esconde esconde (que ela adora e já até sabe "bater cara"), estou tentando ensinar amarelinha... e assim vai. Quero que ela saiba brincar com o corpo e cresça sabendo tudo o que o corpo é capaz de fazer.
Eu quando criança era super moleca, daquelas que subiam em árvores, dava estrelinhas no chão de montão, vivia com machucados, tenho várias cicatrizes da minha infância, e nem por isso deixei de ser menininha, adorava também brincar de casinha, de bonecas, de Barbie. Mas conseguia juntar tudo isso e ainda o vídeo game em minha vida. 
Aqui em casa procuramos mostrar isso para a pequena, que ela pode brincar sozinha e com a gente. Eu tenho isso muito bem resolvido comigo, criança também tem que saber brincar sozinho. Não precisa sempre um adulto ou professor ficar junto brincando, tem horas em que eles tem que brincar entre eles e sem ninguém também. 
Estou fotografando nossas brincadeiras na escola, para expor aos pais no final do mês. E junto as brincadeiras, também fazemos atividades em sala, como escritas dos nomes das brincadeiras, listas, desenhos, porque além de brincar com o corpo, podemos ensinar por meio delas. E o melhor é que todos os alunos podem participar. Tenho em minha sala uma criança que é considerada inclusão, apesar de não ter nenhum diagnóstico fechado, mas assim mesmo ele tem algumas características de TGD (transtorno global do desenvolvimento) e fica meio "a parte" do resto do mundo. E com as brincadeiras, percebi que ele tem se soltado muito mais, tem se desenvolvido melhor. 
Então, vambora investir mais tempo brincando com as crianças, sejam elas alunos ou filhos!!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Syl, sei que sou "nova" e já sou geração vídeo-game e computador, mas confesso que ao mesmo tempo que me surpreendo positivamente pela maneira como as crianças aprendem a mexer em eletrônicos tão facilmente, me deixa triste ver que essas mesmas crianças não sabem sequer o que é "bets"! Nem na rua podem mais brincar! Precisam ficar presas nos playgrounds dos prédios! Temos que mudar isso, fato!

Beijos, Má
www.monmaternite.blogspot.com