Hoje lendo um dos blogs que sigo, li um post sobre a relação da dona do blog com os cachorros e com o filho e confesso que desisti de ler os comentários por serem inúmeros e por começarem com as belas agressões de sempre.
Mas uma coisa eu tenho certeza: se desfazer do cachorro por conta do nascimento dos filhos é no mínimo desumano. Já isso cruel em qualquer situação, afinal de contas o cachorro não é um objeto que pode ser deixado de lado, doado ou jogado fora quando não queremos mais. Isso envolve a posse consciente e pensar que o animal irá viver por pelo menos uns 10 anos... então de antes de comprar ou adotar melhor pensar no caso com frieza e razão.
Outra coisa que eu acho complexa é criar animal como se fosse gente. Bicho é bicho, gente é gente. Partindo desse ponto as coisas ficam mais tranquilas para todos. Nós e eles. Sim, porque apesar de serem bichos, eles também tem sentimentos, sofrem assim como nós. Então o melhor é cuidar deles seguindo a natureza deles e não tentando transformá-los em algo que não são, tentar humanizá-los.
Vejo muitos casos de pessoas que tratam o cachorro como se fosse um filho mesmo, eles dormem dentro de casa, as vezes até na cama dos donos, comem a comida de gente, vivem sob carinhos... e aí quando chega um filho de verdade o coitado é largado de escanteio? Como assim? A gente não larga um filho para cuidar do outro, mas com o bicho que você criou a vida toda como filho pode?
Por isso aqui em casa, bicho é bicho. Eles ficam no quintal, tem sua casa ( e uma baita casa), colocamos cobertores em dias de muito frio, tomam banho sempre, são tosados todos os meses, comem ração e tem água fresca sempre. Carinho e atenção tem a mesma desde sempre. Nunca fomos daquelas pessoas de passar horas fazendo carinho ou passeando com eles. Então com a chegada da Gaby isso não se modificou em nada.
Aliás, quem foi o primeiro a descobrir minha gravidez, foi o Thor, nosso rotweiller. Ele tinha a mania de pular em cima de mim sempre que eu ia no quintal para brincar... mas um belo dia ele foi fazer isso e cheirou minha barriga e se afastou... coisa super estranha e pouco tempo depois descobrimos que eu estava grávida.
E com a descoberta, começamos a prepará-los para receber a nova moradora da casa.
Mostrei as roupinhas, brinquedos, fraldas, tudo que dizia respeito a pequena a eles. Deixava cheirar e ficar vendo. Eles acompanharam, mesmo que de fora da casa, toda movimentação de sua chegada. E logo que estávamos em casa, fiz questão de mostrá-la a eles. Deixei cheirar, olhar e entender a situação. Era até engraçado que quando a Gaby chorava no quarto, o Thor ia embaixo da janela dela e ficava chorando junto...rsrsrs.
Nunca, nunca mesmo tivemos problemas na relação entre os três. Desde bem novinha eu saio com a Gaby para o quintal, deixo eles chegarem perto, cheirarem, lamber a mão dela (não tenho neurose nenhuma quanto a isso... para isso basta água e sabão!). E quando ela começou a enteder as coisas a sua volta, começou a brincar com eles, fazer carinho e receber também. Claro que tudo sob nossa supervisão. Nunca deixamos os três sozinhos... não se pode confiar totalmente nos cães, mesmo tendo sido criados pela gente desde filhotes, como foi o caso dos dois.
Cães tem instinto e para eles as crianças pequenas representam concorrência e até que entendam que não se trata disso e sim de mais um "dono" ou um ser superior na hierarquia, muitos acidentes podem acontecer. A criança pode puxar o pelo, beliscar, dar tapas, tentar pegar a comida e a única defesa do cão é morder ou latir... então devemos ver os dois lados da questão.
Aqui tudo sempre correu na mais perfeita ordem e paz. Até porque fazemos questão desse contato entre eles. Papai não curte muito cachorros, diz que cuida e tem eles aqui por minha causa (o que eu não acredito muito...rssrs... vejo ele as vezes fazendo carinho neles). Mas mesmo assim, nunca passou por nossa cabeça nos desfazer deles.
Outra coisa que não sou nem um pouco encanada é com a questão da limpeza. Ter toc com álcool gel, esterelizar tudo... ui... nem quando era recém nascida. Acho que limpeza em excesso faz mais mal do que bem. Então não encando com as lambidas e cheiradas recebidas pela pequena. Ela sim fica incomodada e reclama que eles estão lambendo a sua mão e tal. Mas aí vou explicando que é a forma deles demonstrarem que gostam dela e as coisas melhoram.
Claro que temos momentos de ficar de saco cheio dos latidos, das chorações da Vida, dos uivos do Thor, mas nunca pensamos em dar, soltar ou largá-los por aí...
Então o que posso dizer para quem ainda não tem filho e pensa em ter cachorro é isso: vai cuidar mesmo depois da chegada dos filhos? Vai ter paciência, vai dar atenção? Então tenha, senão deixa o filho crescer e pedir um, para aí vocês decidirem se terão ou não....
E para comprovar essa relação de amor, algumas fotos: