Fui convidade pela Ceila do blog http://blogdodesabafodemae.blogspot.com/ a falar um pouco sobre os Direitos da Infância. Acho o assunto extremamente importante, principalmente nos dias atuais, onde os pais ficam completamente sem saber o que fazer para educar seus filhos sem que esbarre nos tais direitos, mas muito ainda transgridem completamente o que diz o ECA... e isso é o mais lamentável.
Pais que ao tentar educar seus filhos "sem bater" os humilham com palavras e atitudes que ao meu ver são muito piores do que palmadas dadas no bumbum em momentos e situações oportunas (não vou entrar nessa questão, pois é um tema muito amplo).
Os Direitos das Crianças são muito amplos e completos, vou relatar um pouco do que tento fazer para garantir esse direito tanto à minha filha quanto aos meus alunos, sim não posso esquecer nunca de que lido com crianças de 5 anos e tenho que zelar pelos direitos deles a maior parte do tempo. Pois bem vamos então a eles:
1- Todas as crianças são iguais e têm os mesmo direitos, não importa sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade. Esse eu acho que é básico, principalmente em minha vida na escola. Não posso, nem devo e nem quero tratar um aluno por ter uma religião diferente da minha, uma cor diferente da minha, opinião sexual ou o que quer que seja. Hoje em dia existe uma grande quantidade de livros que tratam de todos os temas e de forma clara e fácil de ser entendida pelas crianças, valorizando outras religiões, escolhas sexuais, cor da pele e costumo lançar mão deles quando surjem questões como essas em minha sala. 2- Todas as crianças deve ser protegida pela família, pela sociedade e pelo Estado, para que possa se desenvolver física e intelectualmente. Esse infelizmente não é tão cumprido assim a risca. O Estado até que se esforça para garantir a proteção das crianças mas nem sempre consegue, podemos ver isso quando temos crianças abandonadas pelas ruas, ou mesmo famílias que não conseguem se estruturar de forma alguma, seja por conta de vícios de um dos pais ou por questões financeiras mesmo. Aqui em nossa casa procuramos proteger a Gaby de tudo que possa lhe ser prejudicial. Eu por exemplo cortei minha novela das 9... snif... por conter muitas cenas que não são adequadas a sua idade e não fiz isso a toa não, eu mesma vi o interesse dela em uma cena de violência e simplesmente mudei de canal e de lá para cá me policio muito em relação a tudo o que vou deixá-la assistir. Na escola adotei a mesma postura, só vemos desenhos que eu já tenha visto antes e que tenham passado pelo meu critério de qualidade. Este ano estou procurando somente passar os clássicos da Disney e desenhos com animais... nada de violência, lutas ou coisa do tipo. E nas reuniões de pais tenho tentado passar isso para as mães e parece que está dando um pouco de resultado, minha classe não é tão agressiva e nem mesmo os meninos brincam de lutinha ultimamente. 3- Todas as crianças têm direito a um nome e a uma nacionalidade. Tudo certo quanto a isso por aqui, tanto em casa quanto na escola. E na escola eu super valorizo a questão do nome das crianças, não aceito apelidos, mesmo os carinhosos e digo sempre que os pais escolheram o nome com tanto carinho e não podemos ficar chamando o amigo somente pelo apelido. Em casa também ensinamos a Gaby o seu nome, o nome dos familiares e ela já sabe responder certinho (quase... o sobrenome nosso é enorme) seu nome completo. 4- Todas as crianças têm direito a alimentação e ao atendimento médico, antes e depois do seu nascimento. Esse direito também se aplica à sua mãe Graças a Deus aqui em casa esse direito foi atendido desde sempre. Tive um ótimo pré-natal, desde o comecinho mesmo da gravidez, sempre fui bem atendida por meu médico e por todos que passei durante a gestação. Também procurei me alimentar melhor durante a gravidez para que a Gaby tivesse uma boa formação e também para que se desenvolvessem suas papilas gustativas, que são formadas lá pelo 4º mês. Depois de seu nascimento também fomos muito bem atendidas no hospital e nos médicos que fomos depois. Acertei ultimamente uma ótima pediatra mas quando precisamos ir ao hospital por alguma emergência sinto que somos atendidas somente por estudantes e eles por sua vez ainda não pegaram os macetes do atendimento as crianças e são muito secos com ela... quase não conversam, só a examinam, mal falam comigo e ficam digitando no computador o tempo todo...Uma pena eles não aprenderem um pouco de psicologia infantil na faculdade, pelo menos acho que não aprendem pois pelo menos não usam. Agora na escola a história muda um pouco. Como trabalho em escola pública vejo que muitas mães não recebem orientação sobre a gravidez, não se cuidam durante esse período, continuam bebendo, fumando normalmente como se não estivessem grávidas. E também não se preocupam muito em ter um acompanhamento de saúde com seus filhos, levam ao médico somente quando estão doentes e assim mesmo quando levam... algumas deixam a criança doente mesmo na escola e não estão nem aí. 5- As crianças portadoras de dificuldades especiais, físicas ou mentais, têm o direito a educação e cuidados especiais. Esse é um ponto que eu me questiono muito. Lemos que eles tem direito a cuidados especiais e educação especial também. Mas vemos por parte do governo uma política frenética de inclusão que na verdade nao acontece como deveria ser. Temos a realiade de salas de aula super lotadas, professores muitas vezes mal formados e desmotivados e recebemos crianças com deficiência o tempo todo. Mas elas simplesmente são colocadas em nossa sala e não recebemos apoio algum. E a própria criança também não tem esse apoio por parte de psicólogos, fonos, fisioterapeutas... ficam a ver navios. Eu procuro sempre que recebo uma criança deficiente em minha sala (uso o termo deficiente sem a menor preocupação com o politicamente correto, até porque ele muda a cada ano... e acaba que sempre volta ao mesmo) estudar um pouco sobre sua deficiência, isso se for caso diagnosticado e quando não é procuro me aproximar muito da família e buscar entender como é a criança em casa, como ele age, o que faz, o que gosta, o que não gosta, para assim poder trabalhar melhor com ela. E sempre deixo muito claro para os pais que eles provavelmente não terão o mesmo desenvolvimento dos outros e isso tem que ser deixado muito claro já no começo do ano para os pais não criarem expectativas acima das reais para aquela criança. Já tive casos muito complicados na sala e procuro lidar sempre da melhor maneira possível, nunca tornando a criança a coitadinha da sala, aproximo as outras crianças dela e procuro desenvolver suas potencialidades. Na verdade acho até que eu meio que "estrago" as crianças de inclusão. Já recebi muitas que não falavam, não brincavam e acabaram o ano super bagunceiras, correndo como os outros e falando. As mães me agradecem muito e vejo que estou fazendo o possível por elas... pelo menos o que eu posso fazer. A Gaby convive com crianças deficientes em sua escola e acredito que consiga as ver com olhos bons, pois isso também é passado lá. Todas brincam juntas, ajudam, interagem e é isso que vou continuar ensinando a minha filha. 6- Todas as crianças têm direito ao amor e à compreensão dos pais e da sociedade. Fundamental!!!! Amor, amor e amor. Em casa, na escola e na sociedade. Procuramos tratar nossa filha com muito carinho, abraçando sempre, fazendo muito carinho, conversando com ela, brincando juntos, fazendo passeios (mesmo que pelo bairro), dando atenção e ouvido. Na escola também procuro ser assim, meio que mãezona das crianças, dou colo quando precisam, sempre abraço, dou beijos, sem frescura mesmo quando vejo aquela criança lotada de piolhos...rsrsrs.... acho que isso irá tornar nossa sociedade mais doce. Mas já vejo muitas mães que não se preocupam com isso, estão mais preocupadas em criticar, ofender e xingar seus filhos mesmo quando são pequenos e ainda não dão trabalho nenhum... fico imaginando como serão essas crianças no futuro, como elas mesmas irão lidar com os seus filhos... tenho medo do que iremos receber no futuro. 7- Todas as crianças têm direito à educação gratuita e ao lazer Acho que a questão da educação gratuita ultimamente tem sido atendida na maior parte do Brasil, não sei se em todos os lugares, mas pelo menos onde eu leio ou fico sabendo sim. E estamos caminhando para uma escola pública com qualidades, com boa merenda, bons professores (em sua maioria), salários melhores, estou falando aqui da minha cidade, pelo menos aqui em Suzano as coisas tem tentado caminhar bem. Estamos vendo uma boa vontade por parte do poder público em melhorar a merenda escolar, em capacitar os professores, em melhorar nossa remuneração (ainda não é uma Brastemp, mas estamos caminhando). Por mais que muitas professoras sejam contra, falem muita mal de tudo, eu vejo uma luz pequenina ainda brilhando no fundo do túnel, mas ela ainda brilha e espero que daqui um tempo ela seja uma grande luz brilhante e que possa atingir todo o nosso país. O lazer já é uma coisa um pouco mais complicada. Não temos tantas praças, parquinhos ou teatro para levar nossos filhos sem ter que pagar um tanto bom por eles. Não costumo levar a Gaby para brincar no parquinho aqui perto de casa por ele viver cheio de mato e eu ficar com medo dos bichos, mas agora ele está limpo e acho que vou começar a levá-la para brincar um pouco e interagir com outras crianças. Já passeios costumamos fazer sempre que possível e procuramos varias os mesmos. Já fomos ao zoológico, quero muito levá-la em breve ao cinema e também ao teatro. Ao teatro na verdade ela já foi com o pessoal da escolinha dela e pelo que fiquei sabendo através das professoras ela curtiu muito. Acho que todos nós mesmo sem condições devemos tentar proporcionar momentos de lazer aos nossos filhos, seja passeando em pracinhas, na rua ou em parques. O contato com a natureza é extremamente importante para o desenvolvimento deles. 8- Todas as crianças têm direito de ser socorrida em primeiro lugar em caso de acidentes ou catástrofes. Isso não tem nem o que falar né? Concordo plenamente mas não sei ao certo falar se acontece de fato ou não. Aqui em casa acudimos sempre primeiro as crianças depois os adultos. Fizemos isso por exemplo no dia em que a Gaby caiu com meu pai como já contei aqui. 9- Todas as crianças deve ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho. Isso deveria realmente acontecer, mas vemos que infelizmente não acontece como deveria. Vemos muitas crianças pedindo dinheiro em sinais, trabalhando vendendo doces, ou trabalhando em outras coisas também. Nas áreas mais pobres como no Nordeste e Norte do Brasil isso é ainda mais grave. E não é aquilo da criança ajudar os pais em casa, arrumando uma cama ou coisas do tipo. São crianças perdendo sua infância trabalhando em lavouras, em canaviais, em carvoarias, cortando mandioca e outras coisas. Fora a exploração sexual que não gosto nem de falar... me dá um nojo enorme saber que muitos homens e também mulheres procuram crianças para fazer sexo. Acho isso repugnante e para mim deveria haver uma punição enorme para quem comete esse tipo de coisa e para quem pratica pedofilia então... não tenho nem o que dizer... sou muito severa quanto essas coisas, tenho um pensamento muito duro e crítico quanto a isso. Nos EUA um pai lutou muito para que fosse aprovado em vários estados uma lei mais severa quanto a pedofilia e ele conseguiu. O Brasil, no meu ponto de vista, deveria se espelhar nesse tipo de atitude. 10- Todas as crianças têm o direito de crescer em ambiente de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. Claro que é isso que sempre queremos para nossos filhos. Mas nem sempre conseguimos. Quem leu tudo que eu escrevi até aqui deve estar pensando "nossa, que família perfeitinha", mas não é bem assim. Já brigamos muito com a Gaby, já demos uns tapas (quando foi necessário), já gritei com ela e me arrependo muito por isso, pois sei que não estou ensinando nada a ela com essas atitudes, mas como também sou ser humano tenho meus erros e muitas fraquezas. Na maior parte do tempo procuramos ser tranquilos, conversar muito, explicar o que vai acontecer, mas tem horas que não dá... na hora da birra, quando você já falou mil vezes a mesma coisa, o sangue ferve e algumas vezes acabamos agindo como a própria criança querendo ganhar as coisas a força. E sei que isso não é legal, é uma coisa que tenho que rever muito em mim e no papai também. Agora, amizade, compreensão e justiça são coisas que eu prezo muito e quero passar isso a minha filha. Não sou uma pessoa de milhões de amigos, mas a que eu tenho são de longos anos. Quero que ela saiba valorizar muito isso e que cresça com essa noção de amizade. O papai também tem muitos amigos de longos anos e tenho certeza de que compartilha das mesmas opiniões que eu. Na escola também ensino muito o valor da amizade para as crianças e acho que vejo um bom resultado nisso tudo. Essa semana mesmo assistimos ao desenho O Cão e a Raposa, que fala justamente sobre amizade e eles simplesmente ficaram fascinados pelo desenho e nos rendeu um bom tempo de conversa durante nossa roda de conversa. Ainda há muitas coisas que devem ser feitas para que os direitos de todas as crianças possam ser alcançados e cumpridos, mas depende de cada um de nós fazer nossa parte e passar adiante boas idéias e atitudes para plantar em todos as boas ações que temos. | ||||||

Um comentário:
Sylvia, obrigada por participar dessa blogagem. sua experiência como professora é muito rica e nos ensina bastante a reconhecer os desafios dentro de sala de aula para garantir os direitos da infância. Mas, confesso, que o ponto mais interessante que quero ressaltar lá no Desabafo de Mãe é sobre sua responsabilidade de largar da novela para garantir o direito da sua filha não ter acesso a conteúdos inadequados á infancia: parabéns! esse é um belo exemplo de responsabilidade. Continuo essa conversa contigo na segunda quando faço um resumo de todos que já participaram dessa blogagem. te espero por lá, abraços!
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